segunda-feira, 9 de junho de 2008

# 8

A Convenção de Évora-Monte marcou o triunfo de um novo Portugal político.
É errado pensar que, com a Guerra Civil e a derrota miguelista, o sentimento nacional tornou-se unânime quanto à questão da natureza da Monarquia: se constitucional e assente no chamado Liberalismo Político; se tradicionalista e assente na linha doutrinária do Absolutismo.
Várias foram as esperanças para este Portugal que, a partir de 1834, renasce. O regime legitimado pela Carta Constitucional, suportado pela força de um parlamento (apesar das diferenças entre as duas câmaras) e encabeçado pelo Poder Moderador do Monarca não terá vida fácil, pois muitas continuarão a ser as diferenças quanto ao melhor rumo. D.Miguel continuará a ser sinónimo de esperança para aqueles que continuam a ver neste sistema constitucional um perigo aos seus antigos morgadios e privilégios.

D.Pedro morre logo após a Convenção.

D.Maria II, Rainha de Portugal por vontade de seu pai D.Pedro IV. Chegou a casar com o tio D.Miguel mas, face aos problemas políticos, o casamento nunca foi consumado. Repara na Carta Constitucional que, em sinal de juramento, D.Maria II guarda.


Caminho aberto para o seu projecto Cartista, personificado na sua filha Maria da Glória, agora D.Maria II.
É o Portugal da esperança burguesa! E nisso reparemos nos elementos que compõem a Câmara de Deputados, reparemos em quem poderá, à luz da Carta, votar e escolher os deputados. Que interesses condicionarão o funcionamento das Cortes liberais?
É o fim de um Portugal Velho, Absolutista e Tradicionalista. Alexandre Herculano chamou-lhe “Portugal Novo, Portugal Romântico”: renovador, liberal e inovador…mas consciente do atraso em relação a uma Europa já na era do Caminho de Ferro.
Herculano chama a este “Novo Portugal” o triunfo de uma Nova Aristocracia: cada um vale pelo seu potencial e não pelos seus antepassados! Na linha das políticas de mobilidade social, esta nova aristocracia é uma sociedade ligada aos negócios, aos capitais e por isso há todo o interesse em salvaguardar os interesses desta elite.
O triunfo do Liberalismo Político pauta igualmente o triunfo do Liberalismo Económico.
Foi esta uma das esperanças mais ecoadas no ideário vintista e, agora, no ideário cartista.
Qual será o papel do Estado a partir daqui?

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