quinta-feira, 12 de junho de 2008

# 14


2. A afirmação da sociedade industrial e urbana

2.1. A explosão populacional; a expansão urbana e o novo urbanismo;
migrações internas e emigração.



Explosão populacional do século XIX

No século XIX, verificou-se um crescimento muito rápido e acentuado da população mundial e, em especial, da Europa industrializada, falando-se por isso de uma explosão demográfica. No entanto o fenómeno de crescimento populacional não era novo: a ruptura com o modelo demográfico antigo data de meados do século XVIII.

Como caracterizamos este novo modelo demográfico?

1. Recuo da mortalidade e infantil
2. Declínio da elevada natalidade (a partir de cerca de 1870)
3. A descida da idade do casamento (invertendo para uma idade de casamento tardia)
4. Aumento da esperança média de vida para ambos os sexos
5. Aumento da densidade populacional.

Estas características revelaram-se acima de tudo nos países mais industrializados da Europa (Inglaterra, França e Alemanha) e, mais tarde, na Europa do Sul. À Revolução Industrial correspondeu uma expansão da população.

Quais os factores que nos ajudam a compreender estes novos regimes demográficos?

1. Melhores cuidados médicos (vacinação, prática da desinfecção, inventada por Jenner ainda no século XVIII)
2. Maior abundância e diversidade de bens alimentares (decorre da agricultura e indústria mecanizadas que permitem uma maior e mais rápida chegada dos bens aos consumidores)
3.O novo papel da criança: deixa de ser vista como mais mão-de-obra, para passar a ter atenções na sua formação (principalmente nas famílias burguesas)
4.Progressos na higiene (uso do sabão, vestuário de algodão, maior conforto das casas, redes de esgotos e salubridade como preocupação dos governos liberais).

Já no século XVIII falava-se dos perigos de um baby-boom. Thomas Malthus, monge escocês, defende que a procriação deve ser feita de um modo responsável, tendo em conta as condições socioeconómicas das famílias para cuidar dos filhos. Estas ideias geraram nas famílias burguesas o sentimento de responsabilidade paternal, ou seja, a prática de medidas de anti-concepção foram difundidas nesta altura.

A Expansão urbana

As cidades no século XIX tornam-se pólos de atracção para uma população em franco crescimento.

- o Êxodo Rural: gerado pelas alterações na produção agrícola, em que há maior dispensa de mão-de-obra, o habitante rural vem procurar a cidade, levando a um grande crescimento dos centros urbanos a partir dos meados do século XIX.
- a Emigração: a população europeia foi responsável por diversas vagas de partida para a América, África e Austrália, destacando-se acima de tudo o crescimento urbano dos EUA nesta altura. Em 1900, Nova Iorque, para além de importância económica, torna-se a segunda maior cidade do mundo.
- o Crescimento dos Sectores Secundário e Terciário: o comércio, a indústria, as profissões liberais concentram-se nas cidades e requerem mais efectivos. Onde se sediam a Indústria e os Serviços, as populações crescem. Por seu lado, a população activa dedicada ao sector primário decresce.

Tópico de reflexão:1. Explica as razões para os dados apresentados no quadro.


O novo modelo de Urbanismo no século XIX

Este crescimento urbano trouxe grandes problemas que exigiam grandes soluções nas cidades europeias ainda marcadas pelo urbanismo antigo.
Acima de tudo, dois grandes problemas e respectivas soluções:
- criar espaço para a Burguesia que se afirmava, entregando a cidade àqueles que a criaram. Ou seja, criar condições políticas que permitam à burguesia governar a cidade consoante os seus interesses. Novas preocupações em relação ao poder municipal.
- proporcionar condições de vida mais digna para os proletários, em geral provincianos desenraizados, cujos filhos (a prole) trabalhavam para aumentar o rendimento doméstico.

Soluções encontradas:
- expansão das cidades para além das muralhas medievais
- novas avenidas e redes de esgotos, abastecimento de água e iluminação
- a vida burguesa valoriza o lazer: criação de espaços de lazer (óperas, teatros, jardins, esplanadas)
- transportes públicos (o advento do comboio e mais tarde da electricidade; o metropolitano e o eléctrico)
- os falanstérios e familistérios: edifícios de albergue aos operários para evitar os problemas sociais decorrentes da miséria em que vivem, integrando-os harmoniosamente na sociedade industrial.

Os grandes fluxos migratórios do século XIX

A partir de 1840, os europeus espalharam-se pelo mundo em sucessivas vagas de emigração. Na origem deste fluxo emigratório terão estado os seguintes factores:

1. A pressão populacional: os governos e sindicatos apoiavam políticas migratórias no intuito de contornar os problemas decorrentes da explosão populacional europeia (necessidade de mais empregos, contestação social)
2. Os problemas do mundo rural: enquanto que nos países desenvolvidos as transformações na agricultura libertava mão-de-obra, as regiões menos desenvolvidas eram mais sujeitas às fomes causadas por maus anos agrícolas. O caso mais significativo desta época passou-se na Irlanda em que a “praga da batata” (o principal produto de consumo na ilha) devastou os campos, originando a chamada “Grande Fome”. Milhões de irlandeses emigraram durante o século XIX e princípios do século XX para a América do Norte, especialmente Nova Iorque, vista como terra de oportunidades; “american dream” (terra de tolerância moral e promoção social). Os EUA receberam entre 1821 e 1920 cerca de 34 milhões de imigrantes! *

3. Desemprego tecnológico: a rapidez do desenvolvimento tecnológico e industrial levou a que, progressivamente, o homem fosse substituído pela máquina. No caso português, a industrialização lenta não oferecia empregos suficientes. Muitos milhares de portugueses emigraram para o Brasil e África nesta altura.

4. Revolução nos transportes: os transportes tornam-se melhores e mais baratos, facilitando a emigração.

5. A fuga a perseguições políticas e religiosas.
* É um exemplo óbvio e que me custa dar mas relembrem-se do filme do Titanic (inícios do seculo XX)

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